Suplementação a pasto e seu monitoramento

Bárbara Andrade
Estudante de zootecnia – UFVJM em Diamantina
Estagiária EXAGRO

 

Olá! Hoje, aqui no PastoComCiência, vamos falar sobre a suplementação a pasto, aspectos do seu uso, importância e monitoramento.

A mineralização é de suma importância para os bovinos e demais categorias animais, pois, quando se encontram suplementados na quantidade correta, manterão sua integridade funcional e estrutural, de maneira que a saúde, o crescimento e a reprodução respondam da forma desejada.

As plantas forrageiras em alta qualidade que normalmente são utilizadas como base alimentar dos bovinos a pasto teoricamente deveriam ser capazes de fornecer os nutrientes necessários para atender às demandas nutricionais dos animais, sendo elas: energia, proteína, minerais e vitaminas. Porém, em função da baixa qualidade geral dos solos brasileiros, variações climáticas ao longo do ano e mal manejo das plantas, os animais em pastagem ficam sujeitos às variações de disponibilidade de nutrientes. Por isso, se faz necessário estabelecer um balanço entre a necessidade animal e o suprimento ofertado pelas forragens, para permitir o ótimo desempenho.

Em consequência das variações climáticas brasileiras entre período chuvoso e seco, o desempenho animal, em sua grande maioria, é pouco uniforme durante o ano. Normalmente, os animais crescem e ganham mais peso na estação chuvosa, quando há abundância de forragens verdes de qualidade que, consequentemente, proporcionarão maior desenvolvimento. Na estação seca, os animais tendem a apresentar uma redução de ganho de peso, em virtude do baixo valor nutritivo das forrageiras nesta época e à escassez de pastagens.

De toda forma, independente da estação do ano, mesmo em manejos com ofertas de forragens ajustadas, ainda assim observa-se uma limitação na produtividade de animais mantidos exclusivamente sob pastejo. Neste cenário, a suplementação se torna extremamente importante, principalmente com Fósforo, Zinco, Cobre e Sódio. Estudos já demonstraram em seus resultados deficiências desses elementos nas plantas forrageiras no Brasil, indicando as seguintes porcentagens de deficiência: 70% para P, 95% para Zn, 82% para Cu e 98% para Na (ANUALPEC, 2004). Com isso, se faz necessária a elaboração de suplementos adequados e balanceados para cada tipo de situação de fertilidade de pastagem e desempenho desejado dentro do projeto pecuário adotado.

Vamos agora percorrer os tipos de suplementos mais comumente adotados na pecuária de corte, ressaltando as diferenças entre eles e os objetivos de uso.

Suplementação mineral: mais utilizado no período das águas, tem o objetivo de suprir a necessidade dos animais em suas necessidades de macro e micro minerais, em virtude da indisponibilidade desses nutrientes nas pastagens. Os níveis de macro e micro minerais ofertados no sal mineral irão depender da categoria animal presente no pasto e qualidade da forragem. Para o desenvolvimento de um produto mais eficiente, deve-se conhecer, dentro de cada propriedade, a qualidade bromatológica da forragem ofertada aos animais.

Proteinado: o uso se deve em momentos em que se deseja aumentar o desempenho animal e, além da quantidade de macro e micro minerais, é fornecida proteína. Mais utilizado na época seca do ano, onde temos presente a baixa qualidade forrageira. Neste produto, verificamos normalmente a presença de nitrogênio não proteico (ureia), que serve de “alimento” para que a microbiota ruminal, que irá decompor a forragem seca ofertada. No período chuvoso, pode ser utilizado este tipo de produto, mas deve-se levar em consideração a quantidade de ureia disponível, além da proteção do produto contra chuvas, pelo potencial de intoxicação. O consumo deste produto, normalmente, atinge 0,1% do peso corporal do animal.

Proteico energético: é mais indicado para a fase de recria e engorda, podendo ser fornecido apenas na época seca ou durante toda a vida do animal. São produtos que, além da inclusão do macro e micro minerais, contêm proteína e energia para auxiliar no desempenho animal. Esses suplementos normalmente são fornecidos entre 0,2 e 0,4% do peso corporal do animal, dependendo do ciclo de produção, podendo alcançar o consumo de até 1% do peso corporal. Por terem consumos mais altos e ingredientes proteico-energéticos, existe um impacto no custo do produto, além da maior necessidade operacional, por se fazer necessário o fornecimento diário do produto. Este tipo de produto deve ter seu uso bem avaliado sob a ótica do retorno financeiro em cada propriedade.

Ração: em situações em que se almeja maior desempenho do animal, é utilizada a suplementação concentrada. Essa suplementação é mais comumente usada quando se pretende alcançar algumas melhorias adicionais produtivas, como aumento da taxa de lotação, produção por área, engorda e acabamento das carcaças dos animais.  O consumo é superior a 1% do peso corporal dos animais, com fornecimento diário e tem como objetivo a alta inclusão de energia na dieta para permitir o acúmulo de gordura na carcaça do animal.

 

É importante levar em consideração que a meta de qualquer tipo de mineralização de bovinos a pasto é sempre maximizar o consumo da forragem disponível. É um desafio dizer com exatidão o quanto a suplementação impacta no desempenho produtivo dos bovinos, pois o desempenho tem alta influência da forragem ofertada, em quantidade e qualidade. Por isso, independentemente do programa de suplementação instalado em uma propriedade, são necessárias informações referenciais para as diversas situações.

Neste ponto, além do manejo do pasto, o monitoramento do consumo do suplemento de escolha se faz importante, pois através dele será possível pontuar se o consumo está dentro do planejamento, atendendo ao projeto instalado e ao orçamento destinado.

Com o intuito de facilitar o monitoramento, o software de gestão AgroHUB desenvolveu em seu sistema uma funcionalidade que auxilia o pecuarista e sua equipe, facilitando o manejo e tornando o monitoramento da suplementação mais eficaz. Dentro do programa, associado ao controle de suplementação e consumo que já existia, agora é possível configurar meta de consumo para os produtos de Nutrição animal utilizados na fazenda. Desta forma, o consumo é calculado automaticamente durante a rotina normal da propriedade e já é possível saber se a meta de consumo está sendo alcançada.

Veja como essas informações ficam organizadas no sistema, gerando assim um relatório, onde é possível observar a quantidade de suplemento consumida por dia, a meta e o desvio ocorrido, sinalizando pelos faróis verdes ou vermelhos se o desvio está dentro do aceitável ou não:

 

 

Estipulando a meta de consumo por categoria, torna-se possível avaliar se o consumo dos animais está atendendo o planejado, visando sempre o projeto imposto por cada categoria. Quando há desvio, são gerados alertas, possibilitando tomadas de decisões imediatas para o reajuste do plano suplementar.

Por fim, podemos concluir que, as deficiências minerais de forma geral, têm ampla distribuição e trazem uma serie de prejuízos econômicos para os pecuaristas, o que não é novidade para os técnicos e profissionais da área. Independentemente do tipo de suplemento utilizado, o principal é conhecer e monitorar se o consumo está conforme o planejado para o projeto e a ferramenta AgroHUB permite, de forma simples e ágil, monitorar o consumo dos lotes presentes na fazenda e criar alertas sobre a necessidade de ajustes.

Até a próxima postagem.

 

REFERÊNCIAS:

  • Anuário Estatístico da Pecuária de Cort. São Paulo: FNP Consultoria e Comércio: Editora Agros, 2004, p.498.
  • PAULINO, M. F.; DETMANN, E.; ZERVOUDAKIS, J.    Suplementos múltiplos para recria e engorda de bovinos em pastagens, 2001. p.187-233.

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