TIPOS DE CONTROLES DE PLANTAS INVASORAS NAS PASTAGENS

Bárbara Andrade
Estudante de zootecnia – UFVJM em Diamantina
Estagiária EXAGRO

Olá, pessoal. Hoje vamos falar de um assunto muito importante: os tipos de controles de plantas invasoras nas pastagens e quais os cuidados e vantagens dos diferentes tipos, que podem nos ajudar a realizar este manejo.

As plantas invasoras são dotadas de características que as tornam bastante competitivas nas pastagens, como: adaptação, alta produção de sementes, alta capacidade de dispersão de sementes, reprodução vegetativa e ótima capacidade de extração e utilização da água e nutrientes dos solos, por terem sistema radicular mais bem desenvolvido.

O banco de sementes de plantas daninhas no solo é a principal fonte que garante a sobrevivência e sua infestação. Isso acontece porque as sementes de plantas daninhas possuem germinação assincrônica, ou seja, desuniforme ao longo do tempo, devido à dormência das sementes (Mais Soja, 2020).

As causas dos seus aparecimentos são diversas. O primeiro fator, como dito anteriormente, é o alto banco de sementes, que permitirá, sempre que houver espaço, a sua germinação. O segundo ponto a ser levado em consideração é a adaptação da invasora na área, que sobrepõe seu crescimento frente a forrageiras não adaptadas ao clima e solo. A alta pressão de pastejo também é um fator que contribui para o aumento de invasoras, pois, quando se tem uma carga de peso animal maior que o suportado, ocorre o rebaixamento e a degradação do pasto, permitindo que as plantas invasoras se desenvolvam. Alguns outros fatores são a dispersão de sementes de invasoras pelos animais, baixa fertilidade do solo, más condições de drenagem, ocorrência de queimadas severas, e ataque de pragas e doenças às forrageiras.

O melhor método para evitar o aparecimento das invasoras nas pastagens advém do manejo. Pastos bem manejados, que respeitam a altura de pastejo com densidades altas, tem maior capacidade de cobrir o solo e competir com as invasoras, sobrepondo-se na área e dificultando o crescimento delas.

Quando já temos áreas com infestação, devemos partir para o controle, que existe sob diferentes formas, variando entre a dimensão, tipo de invasora, custos e eficiência. O controle de invasoras visa a redução delas nas pastagens e, para isso, é necessário adotar práticas que ajudem a forrageira implantada a ter boas condições para competir com a invasora. A decisão pelo método de controle deve ser tomada de acordo com a avaliação da área. Portanto, informações como o histórico de formação das pastagens, espécies invasoras recorrentes, graus da infestação, fertilidade dos solos e topografia são importantes para tornar o manejo mais assertivo.

Segundo Quiin (1961), o controle de invasoras, quando a infestação está no início, é altamente oportuno, permitindo o uso de métodos mais eficientes e economicamente mais vantajosos do que atuar quando os pastos se encontram densamente infestados.

A metodologia para controle utilizada no Brasil é dividida em: controle cultural, controle manual, controle mecânico e controle químico. A escolha do método deve ser de acordo com o grau de infestação, histórico da área e tipo de invasora.

O controle cultural é qualquer estratégia utilizada a fim de fortalecer o sistema nutricional da forrageira implantada, a fim de promover maior habilidade competitiva. Várias são as medidas que podem ser recomendadas, como:

  • Utilizar espécies forrageiras adequadas às características edafoclimáticas da região;
  • Manter a fertilidade do solo por meio da adubação;
  • Na formação das pastagens, utilizar sementes de qualidade e seguir recomendação da quantidade, evitando sementes de invasoras;
  • Utilizar manejo animal adequado ao pasto.

O controle manual é dividido em duas metodologias: controle com enxadão (arranquio) e controle com foice (roçada manual). O controle com enxadão envolve grande mão-de-obra e deve ser executado antes da florada e frutificação, a fim de evitar a disseminação de sementes. Já a roçado manual consiste somente no corte da parte aérea, geralmente em invasoras arbustivas, sem afetar o sistema radicular da planta. Ambas apresentam pouca eficiência, pois, na roçada manual, por não retirar o sistema radicular da planta, ela rebrota vigorosamente, comportando como se estivesse submetida à poda corretiva. Já no arranquio, envolve muita mão de obra, fazendo com que o manejo se torne caro.

No controle mecânico também temos duas metodologias:

  • A Roçada mecânica que utiliza roçadeiras de arrasto, hidráulica, de trilho, de links e entre outras. É um processo tratorizado e ainda é um dos métodos mais utilizados; porém, por não ser um método seletivo, também corta a forrageira implantada. Há algumas restrições como: áreas com tocos, cupins e topografia acidentada. Geralmente a roçada é utilizada como tratamento prévio para utilização de herbicidas.

 

  • A Subsolagem, que utiliza equipamentos para descompactar o solo e remover as raízes das invasoras. Este método é restrito a algumas espécies arbustivas, dotadas de raízes pivotantes. De acordo com a Embrapa, plantas com sistema radicular superficial e de caules subterrâneo não são afetadas. É um controle caro, pois requer tratores de potência elevada e, com isso, há maior gasto com combustíveis.

O último método é o controle químico, que consiste no uso de herbicidas responsáveis por provocar a morte da planta daninha, impedindo o desenvolvimento das espécies indesejáveis. Os herbicidas utilizados para controle de plantas daninhas de folhas largas geralmente são sistêmicos e seletivos, atuando com eficiência quando bem aplicados, eliminando tanto a parte aérea, como as raízes, sem prejudicar a gramínea. É um processo de alto rendimento (10 a 15 hectares/dia) e com facilidade de trabalho. Normalmente, o custo do tratamento inicial é alto; entretanto, torna-se vantajoso pela posterior economia proporcionada na manutenção da pastagem. (NUNES, Saladino Gonçalves, 2001).

O planejamento do controle químico de uma pastagem, incluindo a escolha do herbicida a ser utilizado, dose e forma de aplicação, depende de vários fatores:

  • Condição da pastagem: pastos em estado de degradação avançados devem ser reformados e, posteriormente, deve ser feito o controle de invasoras;
  • Identificação das invasoras: deve-se identificar as principais espécies de invasoras para a escolha dos produtos químicos, tornando o manejo eficiente e econômico. Com a adoção de medidas de acordo com o tipo de invasora e a suscetibilidade delas ao produto químico, é possível ser mais assertivo, sem gastos exagerados;

 

 

  • Identificação do tipo de folha das daninhas: folhas coriáceas (folhas espessas, consistentes, rígidas, mas flexíveis, como couro) dificultam a penetração do herbicida, por isso a escolha deve ser por herbicidas com aditivos apropriados para facilitar a absorção. Folhas com cerosidade são hidrorrepelentes, sendo necessária a utilização de um espalhante-adesivo. A função do espalhante-adesivo é diminuir a resistência das gotículas de água e assim aumentar o contato de alguns produtos com as partes da planta;
  • Estágio de desenvolvimento: parâmetro decisivo na eficiência da aplicação sistêmica dos herbicidas, pois as aplicações devem ser feitas quando a invasora estiver com maior área foliar, ou seja, antes de florescerem. Quando estão florescendo e dando frutos, o herbicida não é transportado para as raízes das plantas, pois serão direcionados para a área demandada, que são seus flores e frutos. Como o herbicida deve atuar nas raízes, as aplicações foliares durante o estágio de floração podem não obter o sucesso desejado;
  • Índice de infestação: determinar o índice de infestação ajuda na escolha do equipamento que será utilizado. Em índices elevados, a aplicação foliar deve ser feita utilizando equipamentos mecanizados.

 

Os métodos de aplicação de herbicidas podem ser divididos em:

  • Aplicação foliar: metodologia rápida e mais barata, porém menos segura, pois está sujeita às condições climáticas e estado fisiológico da planta, devendo ser utilizado em estágios iniciais de desenvolvimento da invasora. Em áreas menores, utiliza-se pulverizador via drones, costal manual ou adaptado ao transporte por animal. Para a aplicação em grandes áreas, a pulverização é feita de avião agrícola, helicóptero ou pulverizador mecanizado. A escolha pelo método de utilização vai depender do tipo de infestação, porte das plantas e tamanho da área infestada. A aplicação poderá ser realizada em área total ou dirigida.
  • Aplicação no toco: aplicação de herbicida em invasoras de maior porte, que não tem efeito da aplicação foliar, consiste em aplicação de calda herbicida, no toco da planta invasora, geralmente feito após o corte rente ao solo. É recomendado o uso de um corante na calda para marcar as plantas tratadas, que pode ser o azul de metileno ou violeta de genciana. As aplicações no toco são recomendadas para plantas resistentes às aplicações foliares ou de porte muito elevado, podendo ser realizadas durante todo o ano. (NUNES, Saladino Gonçalves, 2001).
  • Aplicações no tronco: é um método utilizado para arbusto de grande porte ou resistente às aplicações foliares. Nunes (2001) recomenda que o herbicida, nesse caso, pode ser aplicado nos caules, sem roçada, com pulverizador manual ou pincelamento basal, até 30 a 40 cm de altura. Geralmente, utilizam-se soluções com óleo diesel. Em plantas muito resistentes, os cortes são feitos manualmente ao redor do tronco ou mesmo anelamento total precedendo a aplicação.
  • Tratamento no solo: proporciona uma ação mais lenta que as demais, é normalmente feito com herbicidas granulados (pellets), que são absorvidos pelas raízes e direcionados para a parte aérea. A Embrapa recomenda que os grânulos devem ser depositados ao redor do caule da planta invasora ou a lanço, no caso de plantas espinhosas. Com a ocorrência de chuvas, o produto é diluído, infiltrado no solo e absorvido pelo sistema radicular da planta invasora. As aplicações não devem ser feitas em plantas roçadas ou queimadas recentemente.

 

Levando em consideração todos esses aspectos para o uso de herbicidas, alguns cuidados devem ser tomados na hora da aplicação. O cuidado com as pessoas que realizarão este manejo é de muita importância, já que são produtos químicos e podem ser tóxicos para a saúde humana. O uso de equipamentos de proteção individual é imprescindível na hora deste manejo e outras recomendações são descritas na embalagem do herbicida.

Também são recomendados alguns cuidados com relação aos animais, como foi citado no início do texto, com a retirada dos animais do pasto antes da aplicação foliar do herbicida e a espera de em torno 15 dias para o seu retorno, a fim de evitar o consumo de plantas com ação de herbicidas.

Cada tipo de controle envolve um custo e um retorno, que devem ser sempre avaliados antes da escolha da metodologia a ser escolhida.

Por fim, é importante destacar que os métodos de controle de plantas invasoras são ineficientes quando usados de forma isolada. Por isso, sempre devem ser utilizados em conjunto, a fim de trazer uma resposta assertiva no controle das plantas invasoras e uma durabilidade maior da planta de interesse. Pastagens limpas trazem um retorno à produção das forrageiras e, em consequência, maior rentabilidade da atividade.

 

REFERÊNCIAS:

  • DIAS FILHO, M. B. Controle de plantas invasoras em pastagens. Embrapa Amazônia Oriental-Séries anteriores (INFOTECA-E), 1988.
  • DIAS FILHO, Moacyr Bernardino. Plantas invasoras em pastagens cultivadas da Amazônia: estratégias de manejo e controle. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Umido, 1990.
  • NUNES, Saladino Gonçalves. Controle de plantas invasoras em pastagens cultivadas nos cerrados. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2001., 2001.
  • PEREIRA, F. et al. Controle de plantas daninhas em pastagens. 2011.
  • RASSINI, Joaquim Bartolomeu. Invasoras em pastagens. In: Embrapa Pecuária Sudeste-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: SEMANA DO ESTUDANTE, 13., 1999, São Carlos, SP. Utilização de forrageiras para intensificação da produção de carne e leite-anais. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 1999. p. 56-58. Editado por Rogério Taveira Barbosa, Armando de Andrade Rodrigues, Eli Antônio Schiffler, Luciano de Almeida Corrêa, Sérgio Novita Esteves, 1999.

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