Você conhece as principais diferenças entre os capins do Gênero Panicum e Brachiarias?

Marcus Prado
Consultor Exagro

Capins do gênero Panicum e Brachiaria são forrageiras amplamente utilizadas na pecuária brasileira, comumente encontrados em pastagens e em sistemas agrícolas integrados (ILP) como fonte de aumento de matéria orgânica no solo.  Embora ambos sejam utilizados como forrageiras, existem algumas diferenças entre eles.

Panicum Mombaça à esquerda e Braquiária Marandú à direita.

 

  1. Morfologia:

As plantas do gênero Panicum geralmente têm hábito de crescimento ereto (touceiras), com folhas mais largas e em forma de lança. As Brachiarias tendem a um hábito de crescimento mais prostrado, com folhas mais estreitas e alongadas. Algumas com crescimentos decumbentes podem enraizar seus nós no chão, ajudando na propagação vegetativa. O sistema radicular dos Panicuns tende a ser mais superficial em comparação com as Brachiarias.

Normalmente, as plantas de Brachiaria têm porte mais baixo enquanto os Panicuns podem apresentar maior altura.

As inflorescências também são diferentes. Os Panicuns apresentam inflorescência do tipo panícula, enquanto as braquiárias apresentam inflorescência do tipo racemo. A imagem abaixo mostra esta diferença.

Fonte imagem: Embrapa
  1. Composição Nutricional:

Ambos os gêneros têm ótimos valore nutricionais no ponto ótimo de pastejo, mas a composição específica pode variar entre espécies e condições de crescimento. Em geral, Brachiaria apresenta teor de proteína mais baixo e maior teor de fibras, enquanto Panicum pode ter teores de proteína mais elevados e menor quantidade de fibras, mas isso pode variar dependendo da espécie e das condições de crescimento e manejo.

  1. Adaptação e Tolerância:

As Brachiarias possuem melhor adaptação a solos ácidos e de baixa fertilidade, bem como maior tolerância à seca e menor necessidade pluviométrica. Dentro das braquiárias, existem algumas que toleram encharcamento e outras que não toleram. O Panicum geralmente tem uma adaptação mais ampla a diferentes tipos de solo, porém, em sua maioria, são mais exigentes em fertilidade (média a alta fertilidade) e necessitam de índices pluviométricos mais elevados para sobrevier. Algumas espécies são mais tolerantes ao frio do que as Brachiarias.

  1. Propagação:

Os Panicuns são propagados somente por sementes. As Brachiarias se propagam, em sua maioria, também por meio de sementes, porém algumas espécies também se propagam de forma vegetativa através dos estolões.

  1. Utilização:

Ambos os gêneros são amplamente utilizados como forragens para o pastoreio animal, mas suas características individuais podem influenciar suas aplicações específicas. A Brachiaria pode ser usada em áreas de pastagens degradadas ou de baixa fertilidade. As plantas dessa espécie cobrem bem o solo e são recomendadas para áreas com maior declive e com potencial de erosão. São também uma boa alternativa para sistemas de Integração Lavoura e Pecuária, por sua fácil dessecação e sua palhada ter alta qualidade e permitir o plantio direto.

O Panicum pode ser preferido em situações em que uma cobertura de solo mais densa é desejada e se busca altas produtividades. É um capim que tem alta resposta à adubação e responde bem à necessidade de maiores produtividades. Pode ser utilizado como fonte de silagem quando colhido para este propósito.

  1. Manejo

A Braquiária possui maior flexibilidade de manejo, adaptando-se a diferentes tipos de solos e manejos de pastagens, podendo ser utilizada tanto em pastejo contínuo quanto em rotacionado. Tem o rebrote mais lento no início do período chuvoso e tem como vantagem ser diferida na entrada do período seco, pelo fato de passar do ponto de corte mais dificilmente.

O Panicum tem crescimento explosivo, em sua maioria, no início do período chuvoso, sendo uma boa opção para manejos que necessitam de capim rapidamente após as chuvas. É uma forragem voltada para pastejo rotacionado, pois facilmente pode passar do ponto ótimo de colheita e criar talos que dificultam a colheita pelo animal. Por conta disso, não é recomendada para ser diferida para o período seco.

  1. Pragas de Panicum e Brachiaria:

As pragas que podem afetar Panicum e Brachiaria podem variar dependendo da região geográfica, das condições climáticas e das práticas de manejo agrícola. No entanto, algumas pragas comuns que podem atacar essas culturas incluem:

Cigarrinha-das-pastagens: as cigarrinhas são uma das pragas mais importantes que afetam tanto o Panicum quanto a Brachiaria.

Broca-dos-pastos: a broca-dos-pastos é uma lagarta que se alimenta das folhas e dos caules das plantas de Panicum e Brachiaria.

Lagartas desfolhadoras: diversas espécies de lagartas desfolhadoras podem atacar Panicum e Brachiaria, causando danos às folhas e reduzindo a capacidade de rebrota das plantas.

Percevejos: alguns percevejos podem se alimentar das folhas e sementes de Panicum e Brachiaria, causando danos diretos e indiretos à produção.

  1. Cultivares mais comuns:
  • Brachiarias: Marandu, MG5, Xaraés, Piatã, Decumbens, Humidicola e Ruziziensis
  • Panicuns: Tanzânia, Mombaça, Massai, Aruana, Quênia e Zuri

Existem outras variedades e híbridos disponíveis, cada um com suas próprias características, que podem se adequar melhor às necessidades de diferentes sistemas de produção e condições ambientais.

Em resumo, enquanto ambos os gêneros são importantes como forragens, suas diferenças morfológicas, de adaptação, composição nutricional e propagação podem influenciar sua escolha e manejo em diferentes contextos agrícolas e de pastoreio.

Até o próximo post!

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