A Importância da Análise de Solo e Seus Principais Parâmetros

Bárbara Andrade
Consultora Exagro

Quando pensamos em produtividade agropecuária, o solo é a base de tudo. Ele é o responsável por fornecer os nutrientes essenciais para o crescimento saudável das plantas. Mas, para garantir que esse ambiente esteja sempre adequado, é preciso cuidado e controle dos nutrientes. Só que como saber se o solo está com a quantidade ideal desses nutrientes? É aí que entra a análise de solo, a única forma precisa de medir a quantidade de minerais presentes.

Neste post, vou explicar a importância da análise de solo, como ela é feita e os principais parâmetros que devemos avaliar para manter a saúde e produtividade do solo.

A Metodologia de Coleta de Solo

De acordo com Brasil et al. (2020), para avaliar a fertilidade do solo, seguimos algumas etapas importantes: coleta das amostras, preparo e análise dessas amostras. Essa análise nos ajuda a determinar os níveis de nutrientes como fósforo, potássio, cálcio, magnésio e alumínio, além da composição do solo em termos de areia e argila. Todo esse processo é baseado em métodos estabelecidos e os resultados são interpretados com base em tabelas de recomendação.

Fases da Avaliação da Fertilidade do Solo

  1. Coleta de amostras de solo
  2. Análise química das amostras
  3. Interpretação dos resultados

 

A coleta de solo é crucial, pois a precisão dos resultados depende muito da qualidade dessa coleta. Estudos mostram que 80 a 90% dos erros nas análises de solo são por conta de uma coleta inadequada. Portanto, é fundamental fazer a coleta corretamente para que as amostras representem fielmente a área estudada. Isso garante que os dados analisados sejam precisos e possam orientar as decisões sobre fertilização e manejo do solo.

Para coletar o solo, usamos instrumentos como pá, boca-de-lobo, trado ou enxada. É importante coletar amostras de vários pontos distribuídos uniformemente na área a ser cultivada. As amostras devem ser misturadas bem para obter uma amostra homogênea, e cerca de 500 gramas dessa mistura devem ser armazenadas em um saco plástico limpo e etiquetado.

A profundidade de coleta também deve ser considerada, variando geralmente de 0 a 20 cm para culturas anuais e de 0 a 40 cm para culturas perenes. As amostras devem ser coletadas em períodos de umidade adequada, evitando solos muito secos ou saturados.

 

Critérios e Faixas de Interpretação para Análise de Solo

Nitrogênio (N)

Não existe um método consistente para medir o nitrogênio disponível no solo, por isso, as recomendações são baseadas no histórico de uso da terra e observações práticas. Em solos intensamente cultivados sem adubação orgânica recente, a adubação nitrogenada é geralmente necessária.

Fósforo (P)

A disponibilidade de fósforo é influenciada pela textura do solo. As recomendações de adubação são baseadas nos teores extraídos por Mehlich 1, variando conforme a quantidade de argila presente no solo.

  • Textura/Teor de argila (%) | Disponibilidade de P (mg/dm³)
    • Argilosa (> 35): ≤ 5 (Baixa), 6–10 (Média), 11–15 (Alta), >15 (Muito Alta)
    • Média (15 – 35): ≤ 8 (Baixa), 9–15 (Média), 16–20 (Alta), >20 (Muito Alta)
    • Arenosa (< 15): ≤ 10 (Baixa), 11–18 (Média), 19–25 (Alta), >25 (Muito Alta)

Potássio (K)

Os teores de potássio são definidos com base na extração por Mehlich 1, e a adubação é recomendada conforme as seguintes classes:

  • Disponibilidade de K (mg/dm³) | Teor
    • ≤ 40: Baixa
    • 41-60: Média
    • 61-90: Alta
    • 90: Muito Alta

Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Enxofre (S) e Alumínio (Al)

Os teores desses elementos são baseados em critérios do Laboratório de Solos da Embrapa Amazônia Oriental e literatura. Recomendações de adubação e correção do solo são feitas conforme as seguintes classes:

  • Elemento | Faixa de teores (cmolc/dm³)
    • Cálcio + Magnésio: ≤ 2,0 (Baixa), 2,0–5,0 (Média), > 5,0 (Alta)
    • Magnésio (Mg): ≤ 0,5 (Baixa), 0,5–1,5 (Média), > 1,5 (Alta)
    • Alumínio (Al): ≤ 0,3 (Baixa), 0,3–1,0 (Média), > 1,0 (Alta)
    • Enxofre (S): ≤ 4,0 (Baixa), 5,0–10,0 (Média), > 10,0 (Alta)

Para teores elevados de alumínio, recomenda-se a correção da acidez do solo, especialmente em solos com baixos teores de cálcio e magnésio.

Micronutrientes

As classes para boro, cobre, ferro, manganês e zinco são estabelecidos com base em dados da literatura e extração com Mehlich 1, exceto o boro, que é extraído com água quente. As recomendações de adubação são feitas conforme as seguintes classes:

  • Boro: < 0,35 (Baixa), 0,35-0,90 (Média), >0,90 (Alta)
  • Cobre: < 0,70 (Baixa), 0,70-1,80 (Média), >1,80 (Alta)
  • Ferro: < 18 (Baixa), 18-45 (Média), >45 (Alta)
  • Manganês: < 5 (Baixa), 5-12 (Média), >12 (Alta)
  • Zinco: < 0,9 (Baixa), 0,9-2,2 (Média), >2,2 (Alta)

Entender e aplicar corretamente a análise de solo é essencial para garantir a eficiência na produtividade agrícola. Ao ajustar as necessidades nutricionais conforme os teores de nutrientes no solo, conseguimos otimizar a produção e manter a saúde das plantas.

Referências

  • BRASIL, Edilson Carvalho; CRAVO, M. da S. (2020). Interpretação dos resultados de análises de solo.
  • EMBRAPA. Prosa Rural: importância da coleta de solos para análise química na agricultura. (2024).
  • PRIMAVESI, Ana Cândida et al. (2005). Métodos de análise de solos.

 

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