Marcus Prado
Consultor Exagro
A busca por maior eficiência e melhores resultados impulsiona a pecuária moderna a explorar diferentes sistemas de terminação bovina. Entre as opções mais discutidas e implementadas, destacam-se o Semiconfinamento e a Terminação Intensiva a Pasto (TIP). Ambas as estratégias representam abordagens de suplementação a pasto, visando otimizar o ganho de peso e o acabamento dos animais para o abate.
Apesar de suas particularidades, o semiconfinamento e a TIP compartilham características fundamentais. Ambos são sistemas de suplementação em pastagens, diferenciando-se do confinamento tradicional onde todo o alimento é fornecido no cocho. Comparados ao confinamento, geralmente demandam um menor investimento em infraestrutura. Em fazendas com alto nível de profissionalização, essas tecnologias podem promover um melhor aproveitamento das pastagens, especialmente no período de maior produção de forragem, embora isso exija um planejamento cuidadoso para garantir a disponibilidade de pasto na seca. Ambas as estratégias visam melhorar o desempenho animal, como o ganho médio diário, e o acabamento da carcaça. Além disso, por manterem os animais no pasto, podem contribuir para um maior bem-estar animal. A base da alimentação em ambos os sistemas é o pasto, sendo a suplementação uma forma de complementar a dieta, buscando aumentar o ganho de peso e melhorar o acabamento para a venda. A qualidade do capim ofertado é um fator crucial para o sucesso dessas estratégias.
As principais diferenças entre o semiconfinamento e a TIP residem no nível de suplementação. No semiconfinamento, a inclusão de ração varia geralmente de 0,5% a 1,5% do peso corporal do animal. Em contrapartida, na TIP, o volume de ração fornecido é maior, representando uma parcela significativa do consumo total. Por exemplo, para um animal de 400 kg, 0,5% de ração equivale a 2 kg/dia, enquanto 1,5% seriam 6 kg/dia. Consequentemente, no semiconfinamento, a pastagem tem uma relevância maior no resultado final, enquanto na TIP, a ração desempenha um papel mais proeminente. Contudo, um bom manejo de pastagens, como o pastejo rotacionado, é fundamental para otimizar a colheita e a qualidade da forragem em ambos os sistemas.
Em relação aos objetivos, o semiconfinamento pode ser utilizado tanto na fase de recria (crescimento) quanto na terminação, ao passo que a TIP é primordialmente voltada para a terminação dos animais.
No que tange a custo e estrutura, o semiconfinamento geralmente demanda menos infraestrutura do que a TIP, aproveitando muitas vezes as instalações de pasto já existentes. A TIP, por sua vez, exige uma estrutura de armazenamento de alimentos mais robusta devido ao maior volume de ração consumido. O tempo de acesso ao cocho também difere: no semiconfinamento, com menor quantidade de ração, os animais tendem a consumir o suplemento no momento do trato e retornar ao pastejo; na TIP, a maior oferta de ração pode levar os animais a frequentarem o cocho mais vezes ao longo do dia.
A logística da suplementação é um fator crítico a ser considerado. O transporte de grandes volumes de ração até os animais no pasto pode gerar custos significativos com transporte, manutenção de estradas e equipamentos, além do aumento da mão de obra. É essencial que a decisão de utilizar alta suplementação considere todos os custos operacionais envolvidos, e não apenas o preço do concentrado e a expectativa de ganho de peso.
Quanto ao horário de fornecimento da ração no semiconfinamento, a recomendação geral é manter a constância no horário do trato. Condicionar o gado ao horário de fornecimento e seguir uma rota consistente de distribuição é mais importante do que buscar um horário específico ideal.
Ambas as tecnologias têm como objetivo potencializar os resultados da produção, mas não devem ser utilizadas para mascarar ineficiências operacionais. Um bom manejo de pastagens é a base para um desempenho animal satisfatório, e a suplementação deve ser integrada a um processo produtivo maduro para elevar ainda mais os resultados.
Para a implementação do semiconfinamento ou da TIP, é aconselhável começar com projetos piloto em lotes menores, permitindo que a equipe se familiarize com o sistema e que se coletem dados para otimizar a logística e o investimento. O acompanhamento e a análise de dados são cruciais para avaliar o desempenho, o consumo de ração e os custos, possibilitando ajustes para garantir a rentabilidade. Um bom planejamento do manejo de pastagens e da estratégia de suplementação é fundamental, e a obtenção dos melhores resultados é um processo gradual de aprendizado e adaptação.
Em suma, a escolha entre o semiconfinamento e a TIP depende das particularidades de cada fazenda, dos objetivos do produtor e do nível de profissionalização da equipe. Ambas representam ferramentas valiosas para otimizar a produção bovina, desde que implementadas com planejamento, acompanhamento e uma compreensão clara de seus custos e benefícios.
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