RELATO DE CASO: SEMICONFINAMENTO – MANEJO DO PASTO E DESEMPENHOS

João Pedro Marcola
Consultor Exagro

O processo de semiconfinamento é uma estratégia utilizada para engorda de animais a pasto com uma suplementação de concentrado no cocho em níveis de 0,5% a 1,5% do peso vivo animal. Os níveis de suplemento podem variar de acordo com o peso inicial e final do animal, época do ano, oferta da forragem e outros.

Devido estacionalidade da produção de forragem na região Centro-Oeste do país, na maioria dos estados, em meados de abril a taxa de acúmulo diária da forragem diminui e a qualidade nutricional também. Desta forma, visando manter desempenho dos animais em fase de engorda é comum utilizar o semiconfinamento como ferramenta para terminação dos animais, buscando complementar não somente a déficit nutricional da forragem, mas também, a ingestão diária de matéria seca na dieta do bovino.

Apenas o volume de concentrado fornecido no cocho não é suficiente para manter um bom desempenho destes animais de engorda no período de transição águas-seca, a qualidade e quantidade de forragem diferida nos pastos utilizados são de suma importância. Portanto, é necessário que se tenha um volume considerável de forragem nos pastos para garantir uma boa oferta aos animais e, de preferência que seja uma gramínea de porte baixo para ter uma maior relação folha/colmo na massa acumulada da planta.

A seguir, apresentamos um estudo de caso acompanhado em uma fazenda em Nova Crixás – GO, nas quais 385 animais foram terminados no semiconfinamento a pasto, entre eles 86 fêmeas e 299 machos.

Nestas fazendas o semiconfinamento é utilizado como uma ferramenta de terminação para os animais que não atingiram peso de abate no período das águas e ainda precisam ser abatidos até meados da seca para alívio da lotação da fazenda.

Os pastos utilizados foram vedados cerca de 40 dias antes do início do semiconfinamento, a forrageira exclusiva de todos as áreas era do gênero Brachiaria sp., as áreas Soja 4 e 6 eram de integração lavoura pecuária e o capim havia sido plantado recentemente após a colheita da soja, o vigor da forrageira nestes dois pastos era maior do que nos outros. A escolha dos pastos com Brachiaria foi justamente pelo seu porte e a boa relação de folha/colmo durante seu diferimento.

Caracterização geral de todos os lotes:

Caracterização das áreas utilizadas*:

* Dados de abril até setembro, de acordo com o período de entrada e saída de cada lote para cada pasto.

MVS: Matéria Verde Seca dos pastos; OF MVS: oferta de forragem considerando a MVS, expressa em % (kg de matéria seca ofertada para cada 100 kg de peso vivo animal); OF Folhas: oferta de forragem considerando só folhas, expressa em %.

Para alguns lotes foi necessário alternar o pastejo em até dois piquetes buscando manter uma boa oferta de forragem para os animais durante todo o período de suplementação.

Na tabela abaixo podemos observar os desempenhos de cada lote e baseando nas tabelas acima confrontar ganho de peso com oferta de forragem de cada área.

Os dois lotes de fêmeas eram da raça angus, 55 precoces e 31 primíparas, apresentaram bom ganho de peso dentro da estratégia. Os lotes de machos eram predominantemente nelores, somente do pasto Soja 4 eram angus.

É possível observar que nos pastos com melhores ofertas de matéria verde seca e de folha (9, 27, Soja 4 e Soja 6), os animais obtiveram os maiores desempenhos. Nas áreas de integração a idade e a composição morfológica da forragem pode ter influenciado nos maiores ganhos, porém, nos pastos mais antigos com boa oferta de forragem foi possível alcançar desempenho altos.

Portanto, realizar um bom diferimento dos pastos a serem utilizados no semiconfinamento e estar sempre buscando boas ofertas de capim para os animais podem otimizar o uso de altas doses de suplementação, aumentando o ganho de peso individual, acelerando o processo de terminação, diminuindo custos e promovendo o alívio da fazenda nos momentos corretos.

Deixe um comentário

Seu email não será publicado.