Escrito por:
Diogo Olimpio Souza
Consultor Exagro
Vamos falar um pouco sobre planejamento alimentar!
O planejamento alimentar consiste na elaboração de um plano que visa balancear a demanda e a oferta de alimento, definindo ações a serem implementadas para atingir determinado objetivo ou estado futuro. Em se tratando de produção de bovinos em pastagens, a orçamentação forrageira assume papel essencial no planejamento alimentar, pela qual calculamos a variação da massa de forragem ao longo do tempo em função das mudanças no crescimento e desaparecimento da forragem (Barioni et al. 2011).
Por que realizar a orçamentação forrageira?
Devido a sazonalidade da produção de forragem ao longo dos meses do ano, é necessário ajustar a demanda de forragem para melhorar o aproveitamento do capim produzido e, consequentemente, aumentar a produtividade em carne ou leite por unidade de área. Da mesma forma, a adequação da demanda é importante para evitar o super-pastejo, que compromete o desempenho animal pela menor disponibilidade de forragem para consumo.
Entendida a importância do orçamento forrageiro, como realizar o cálculo?
O primeiro passo para o orçamento forrageiro consiste no mapeamento das áreas disponíveis para pastejo, na determinação da Área Efetiva de Pasto (AEP em % e hectares) de cada área e na quantificação da massa de forragem atual. Esses levantamentos iniciais das pastagens podem ser feitos com a utilização do AgroHUB.
Com esses dados, temos o estoque de forragem médio, que sofrerá variações ao longo do tempo com crescimento e desaparecimento de forragem. Sendo assim, a massa de forragem em determinada data futura (MF f) é calculada através da massa de forragem atual (MF) somado ao crescimento e subtraído o desaparecimento previsto, conforme esquema abaixo:
MF f = MF + Acúmulo – Desaparecimento
A massa de forragem é toda a forragem por unidade de área acima do nível do solo, normalmente expressa em kg de matéria seca (MS) de forragem por hectare (ha). Pode ser calculada por meio das medições diretas ou indiretas.
A medição direta é realizada através do corte de todo o capim contido no interior de um quadrado, seguido de pesagem da amostra e determinação do teor de matéria seca.
Para saber mais sobre a medição direta da massa de forragem, acesse o artigo abaixo:
A medição indireta da forragem pode ser realizada também por estimativa visual, porém esta técnica necessita de avançado treinamento prévio por medições diretas. Outra maneira mais indicada para a medição indireta da massa de forragem é a medição de altura do dossel forrageiro. A altura multiplicada pela densidade do capim nos dá a massa de forragem. Podemos utilizar dados médios de densidade fornecidos pela literatura ou realizar o levantamento da densidade dos pastos para cada fazenda, através das medições diretas citadas acima.
O acúmulo de forragem representa o crescimento do pasto por determinado período menos a senescência, normalmente expresso em kg de MS / ha / dia. Pode ser calculado por meio de medições diretas a campo, estimativas baseadas em parâmetros climáticos e dados disponíveis na literatura. Veja o exemplo abaixo, da taxa de acúmulo diária ao longo dos meses:
Para saber mais sobre os fatores que interferem no acúmulo de forragem, acesse o artigo abaixo:
Já o desaparecimento de forragem é o somatório do consumo de forragem do animal e as perdas de forragem com o processo de pastejo. O consumo dos animais é estimado por meio de equações matemáticas e varia conforme a categoria animal, peso e qualidade do alimento, conforme exemplo abaixo de Barioni et al., 2005:
As perdas de forragem são representadas pelo material que não é consumido pelos animais e entrará em senescência antes do próximo pastejo, como partes do capim que são derrubados e pisoteados pelos animais. Barioni et al. 2005 recomenda para fins de planejamento que utilizemos de 40 a 60% de perdas. Dessa forma, para um animal que consome 10 kg MS / dia, a demanda total considerada é de 16 a 25 kg MS / dia.
Como no planejamento alimentar trabalhamos com a evolução da massa de forragem ao longo de um período, é necessário considerar a dinâmica de movimentações existentes no nosso rebanho, por exemplo: compra, venda, nascimentos e mortes. Além disso, temos o ganho de peso dos animais que influencia na ingestão de forragem. Assim, a demanda de forragem também é variável ao longo do tempo e deve ser considerada no orçamento forrageiro.
Calculada a massa de forragem e a demanda previstas ao longo do tempo, devemos propor os ajustes necessários para que a oferta de forragem seja adequada durante todo o ano, permitindo bom ganho de peso por animal e por hectare.
Devido às incertezas existentes no planejamento, é de extrema importância monitorar as pastagens e, quando necessário, realizar os ajustes do planejamento inicial.
Para saber mais sobre o monitoramento das pastagens, acesse o artigo abaixo:
Referências:
BARIONI, L.G.; RAMOS, A.K.B.; MARTHA JÚNIOR, G.B.; FERREIRA, A.C.; SILVA, F.A.M.; VILELA, L.; VELOSO, R.F. Orçamentação forrageira e ajustes em taxas de lotação. In: 22º Simpósio sobre manejo da pastagem, 2005, Piracicaba. Anais…Piracicaba: FEALQ, p. 217-244.
BARIONI, L.G., TONATO, F. AND ALBERTINI, T.Z. Orçamentação forrageira: revisitando os conceitos e atualizando as ferramentas. In: 26º Simpósio sobre o manejo da pastagem, 2011, Piracicaba. Anais… Piracicaba: FEALQ, p. 71- 96.
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