O que aprendemos com o Pasto com Ciência?

Marcus Vinícius Prado Silva
Consultor Exagro

A evolução da pecuária está cada vez mais rápida e a necessidade de obter indicadores de manejo de pastagem nas mãos se torna um ponto fundamental no processo de produção.

Está sendo ótimo obter retorno de pessoas que mediram capim na safra 2018-2019 e agora, com o início das chuvas, buscam otimizar o manejo de seus pastos. Essas já conseguem olhar para suas pastagens de uma forma diferente. Por meio da medição de capim, elas encontraram oportunidades de melhorias e começaram a estabelecer o planejamento alimentar do ano conforme a massa de forragem e a taxa de acúmulo de suas forrageiras. Traçaram, junto à equipe, metas de altura de entrada e saída para cada módulo, de acordo com suas respectivas forrageiras e desafios de lotações associadas à suplementação.

A seguir vamos apresentar um breve histórico das medições de forragem do nosso banco de dados interno, para que vocês, que acompanham nosso blog, possam verificar as informações e otimizar seu manejo.

Vale ressaltar que os dados foram 100% coletados a campo, ou seja, em um ambiente aberto com medições realizadas pela própria equipe da fazenda. Os números a seguir são referentes a média de diversas fazendas parceiras, que mensalmente enviam para o projeto as medições de seus pastos.

Tabela 1: Medição de altura de entrada e saída de diferentes forrageiras.

Fonte: Pasto com Ciência

A tabela acima representa as medições da altura média de entrada e altura média de saída de diversas forrageiras. Não estamos aqui para falar qual a melhor altura de entrada e saída de sua forragem, cada fazenda tem seu desafio e planeja qual a altura ideal de manejo baseada em sua estratégia. Porém, ressaltamos que existem alturas recomendadas e que não devem ser esquecidas. Capim manejado muito alto, aumenta a proporção de talo e perde qualidade nutricional. Capim manejado muito baixo, perde vigor e abre espaço para outras plantas invasoras.

Contudo, com estes dados, você pode avaliar como está o manejo interno de sua fazenda, frente a média das fazendas do banco de dados.

Tabela 2: Medição direta (Kg Matéria Seca/cm/ha) de diferentes forrageiras:

Fonte: Pasto com Ciência

A tabela acima refere-se à média de densidade de diversas forrageiras do banco de dados do projeto Pasto com Ciência. Conhecer a densidade é de suma importância para levantar a massa de forragem de seus pastos, como foi explicado em postagens anteriores

https://pastocomciencia.com.br/2019/07/01/importancia-da-medicao-de-forragem/

A densidade pode variar até mesmo dentro da fazenda, pois ela é dependente da fertilidade do solo, do espaçamento entre as touceiras, perfilhamento da touceira e, principalmente, do manejo aplicado no capim. Ressalto aqui que a densidade da forrageira impacta no consumo animal, interferindo na taxa de bocado, tamanho do bocado e tempo de pastejo. Pastos mais densos são favoráveis ao desempenho animal.

Vamos usar o Braquiarão da tabela 2 acima para realizar um exercício prático sobre Massa de Forragem.

Altura x Densidade = Massa de Forragem

  • 42 cm x 88 KgMS/cm/ha = 3.696 Kg de matéria seca por hectare

Se o pasto tiver a mesma altura, porém uma densidade de 70 KgMS/cm/ha, qual será sua massa de forragem?

  • 42 cm x 70 KgMS/cm/ha = 2.940 Kg de matéria seca por hectare

Notamos aqui que a massa de forragem é diferente entre estes dois pastos. Sendo assim, o que isso impacta na minha orientação de manejo?

Vamos simular um pastejo de 30 dias, com altura de 42 cm de entrada e saída de 21 cm, porém em dois pastos, cada um com uma das densidades colocadas acima. Vamos considerar a mesma taxa de lotação (500 Kg de Peso Corporal/hectare) e verificar qual foi a oferta de forragem em cada um destes pastos.


*Para se chegar na massa de forragem ofertada por dia, foi só dividir a massa de forragem média pelos 30 dias de pastejo.
*A oferta de forragem é a divisão entre a Massa de Forragem Ofertada por dia pela Taxa de Lotação por hectare.

Note que o pasto com maior densidade gerou uma oferta de forragem superior, o que pode permitir um aumento do desempenho individual dos animais. Porém, ofertas muito altas acabam por limitar o desempenho, pela qualidade nutricional da forragem ofertada.

Se o objetivo for manter a oferta de forragem igual para os animais nestes pastos diferentes, a taxa de lotação do piquete com 88 KgMS/cm/ha de densidade terá que ser superior.

Veja:

**Obs.: As ofertas de forragem encontradas, são meramente ilustrativas para demonstração da metodologia da conta.

Caso tenha interesse em participar do projeto, ou aprimorar seus conhecimentos, deixe aqui suas dúvidas e comentários.

Obrigado e até o próximo post!

 

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