Como obter o mapa de colheita da pecuária de corte?

José Vilela
Consultor Exagro

É comum encontrar agricultores discutindo a qualidade da colheita e avaliando os mapas de produtividade emitido pelas máquinas. Já nos pecuaristas, este tipo de conversa estruturada e comprovada por números passa longe. Afinal, a colheitadeira do pecuarista não emite mapas de colheita de forragem. Mas será que é possível avaliar a produtividade das pastagens e obter informações importantes como as informações obtidas em um mapa de colheita usados pelos agricultores?

Ao realizar uma comparação entre pecuaristas e agricultores, a diferença fica clara entre o entendimento e uso das informações de potencial de produção. Geralmente o agricultor compra determinado tipo de semente, pois sabe as características dela, bem como o potencial produtivo do produto adquirido. E após 5 ou 6 meses, o agricultor já tem em mãos o mapa de colheita com a produtividade obtida, que o possibilita avaliar se sua produção ficou abaixo, dentro ou acima dos valores indicados para a semente utilizada.     .

Mas afinal, como o pecuarista pode avaliar a produtividade das suas pastagens?

O conceito de Produtividade Potencial traz um direcionamento de até onde conseguimos chegar com a produção de nossas pastagens, e vários estudos já foram realizados com objetivo de chegar a este número para cada tipo de gramínea.

Já o conceito de Eficiência Agrícola é a razão entre a produtividade real média obtida nas pastagens e a Produtividade Potencial (PP), que é estimada por modelos de simulação de crescimento de plantas (MARIN et al., 2008).

A figura 1 demonstra os níveis de produção descritos e os principais fatores que comprometem a produtividade potencial da cultura até o valor da que será colhido realmente no campo.

Vale lembrar que as nossas ações possuem limitações em determinados fatores (Ex: Temperatura, radiação, pluviometria), enquanto outros fatores são totalmente passíveis de serem manipulado por nossas atitudes.

Chapman e Lemaire em 1993 confeccionaram este diagrama (Figura 2), aonde conseguem resumir os fatores responsáveis pelo crescimento das pastagens. Em uma ponta há os fatores ambientais necessários, e na outra, há o manejo humano que é imposto sobre as pastagens que irá interferir de alguma maneira em sua produção.

Rassini (2004) avaliou as respostas produtivas de diversas plantas forrageiras tropicais sob sequeiro e sob irrigação e traz os resultados na tabela 1.

A tabela acima é uma exemplificação da produtividade potencial sob irrigação e a produtividade potencial sequeiro de diferentes gramíneas tropicais. Observamos valores variando de 12 a 28 ton. MS/ha/ano.

Há na literatura vários trabalhos que trazem os valores de produtividade potencial em ambientes controlados, mas praticamente não há trabalhos que trazem a produtividade potencial e a produtividade alcançada das forrageiras tropicais, devido a grande dificuldade de realizar estas medições. É possível de analisar de maneira indireta a produtividade das pastagens através das avaliações das lotações ocorridas em cada módulo de pastejo e das diferenças entre as alturas de entrada e saída. Em uma análise temporal, conseguimos dizer que se determinada fazenda apresentou maiores lotações ao longo do ano, sem levar o capim abaixo das alturas mínimas recomendadas, podemos dizer que um ano produziu mais capim que o outro.

Os motivos que levam a esta diferença de produção entre anos podem ter somente duas origens: Ambiental (chuvas) ou Manejo utilizado (Manejo que envolve desde a manutenção da fertilidade do solo, combate de plantas daninhas, insetos pragas e o manejo do pastejo).

Afinal, como está sua produção e sua lotação ao longo dos anos? Como está a qualidade do seu manejo visando melhorar a produtividade das suas pastagens? Como está a análise das lotações ocorridas por cada setor da fazenda?

Qual é a produtividade potencial do capim que está utilizando para a sua realidade de fertilidade de solo, clima e adução utilizados?

Qual a qualidade do seu manejo para que consiga utilizar melhor o potencial produtivo das suas pastagens?

Qual sua eficiência na produção e colheita da forragem produzida? Quais os setores da fazenda que estão abaixo da média e quais as decisões a serem tomadas com essas informações?

Para ajudar a responder todas essas perguntas, continue acompanhando o blog do Pasto com ciência e emitindo os relatórios de uso de áreas do AgroHUB.

Abaixo temos um resumo das lotações ocorrida em uma fazenda ao longo de 2019 por setor. Estas informações vieram através da utilização do relatório de uso de áreas do AgroHUB.

Com a análise dos dois gráficos acima é possível avaliar onde houve maior produção, acertos e erros de manejo bem como identificar pontes de melhoria para o próximo ciclo de pastejo.

Abraços e até a próxima.

 

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