Tipos de Pastejo: Diferenças, Vantagens e Desvantagens

Marcus Prado
Consultor Exagro

A gestão eficiente das pastagens é um dos pilares da produção animal. A escolha do tipo de pastejo adequado influencia diretamente a qualidade da alimentação dos animais, a produtividade e longevidade do pasto e a viabilidade econômica da propriedade. Compreender os diferentes métodos de pastejo é essencial para produtores que buscam maximizar o uso da forragem e garantir a manutenção da fertilidade do solo e produtividade do rebanho.

Existem diversas estratégias de manejo que variam em intensidade, complexidade e investimento em estruturas, como: o pastejo contínuo, contínuo com carga variável, alternado, rotacionado, desponte–repasse. Cada uma dessas técnicas apresenta vantagens e desvantagens que devem ser consideradas de acordo com os objetivos do produtor e as condições da propriedade. Neste artigo do blog, exploramos as diferenças entre essas práticas para ajudar você a escolher a melhor abordagem para o seu sistema de produção.

1. Pastejo Contínuo

Definição:
Os animais permanecem no mesmo piquete por um longo período sem alívio da carga animal, com acesso irrestrito ao pasto.

Vantagens:

• Simplicidade no manejo.
• Menor custo inicial, pois dispensa infraestrutura complexa.
• Menor demanda de mão de obra.

Desvantagens:

• Maior risco de degradação do pasto devido à superpastejo ou subpastejo.
• Dificuldade em controlar a lotação animal e a qualidade do pasto.
• Desuniformidade no aproveitamento do capim.

2. Pastejo Contínuo com Carga Variável

Definição:
Semelhante ao pastejo contínuo, mas ajusta-se periodicamente a carga animal de acordo com a oferta de forragem. Ou seja, a pastagem fica constantemente com animais na área, porém ajusta-se a lotação em diferentes momentos observando a quantidade disponível de pastagem.

Vantagens:

• Melhora o equilíbrio entre oferta e demanda de forragem.
• Reduz o risco de degradação do pasto.

Desvantagens:

• Requer monitoramento constante da pastagem e dos animais.
• Necessita de maior conhecimento técnico por parte do produtor.
• Custos e mão de obra aumentados em relação ao contínuo simples.

3. Pastejo Alternado

Definição:
Os animais são transferidos entre dois piquetes, permitindo que o pasto em um deles se recupere/rebrote enquanto o outro é utilizado.

Vantagens:

• Proporciona descanso ao pasto, permitindo a recuperação da forragem.
• Simplicidade na implementação em relação ao pastejo rotacionado.
• Ajuda a evitar o superpastejo.
• Aumento da produção de forragem em relação ao contínuo.

Desvantagens:

• Pode não ser suficiente para pastos de alta demanda ou grandes lotações.
• Ainda pode haver sobrecarga em períodos de escassez de forragem.
• Menor controle sobre o crescimento uniforme do capim em relação ao rotacionado.

4. Pastejo Rotacionado

Definição:
Os animais são manejados em ciclos por vários piquetes, com períodos definidos de ocupação e descanso para cada área, ou observando o crescimento e produtividade do capim.

Vantagens:

• Alta eficiência no uso da pastagem.
• Maior controle sobre o manejo da forragem e qualidade do pasto.
• Ajuda a manter o vigor das plantas e a saúde do solo.
• Melhor distribuição de dejetos pelos animais.
• Aumento da produtividade de forragem em cerca de 30%.

Desvantagens:

• Exige maior infraestrutura, como cercas e bebedouros.
• Requer planejamento detalhado e conhecimento técnico.
• Custo inicial elevado e maior demanda de mão de obra.

5. Pastejo Desponte e Repasse

Pastejo de Desponte:

Definição:
Parte da lotação do módulo de pastejo é distribuída por animais que são manejados para consumir apenas a parte superior das plantas, deixando a porção inferior para ser aproveitada posteriormente por outro lote.

Vantagens:

• Mantém a qualidade do pasto, pois evita o consumo de partes mais fibrosas.
• Promove o crescimento mais uniforme do capim.
• Ideal para sistemas que visam produção de leite ou carne de alta qualidade.
• Alto desempenho individual dos animais do lote de desponte, promovido pela seleção de ponta de capim.

Desvantagens:

• Requer manejo intensivo e técnico.
• Pode levar ao desperdício de forragem se não houver repasse eficiente.
• Necessita de bom controle da altura do pasto.

Pastejo de Repasse

Definição:
Após o pastejo inicial (desponte), um segundo grupo de animais é introduzido para consumir o restante da forragem disponível e acertar o manejo da forragem da pastagem.

Vantagens:

• Maximiza o aproveitamento da forragem.
• Permite atender às necessidades nutricionais específicas de diferentes grupos de animais.
• Ideal para sistemas com categorias animais em recria/crescimento.

Desvantagens:

• Requer divisão de lotes animais e manejo mais detalhado.
• Pode complicar a logística de manejo.
• Demanda infraestrutura mais robusta e monitoramento contínuo. 

  
  Conclusão

Cada tipo de pastejo tem vantagens e desvantagens que se adaptam a diferentes objetivos produtivos, recursos disponíveis e condições ambientais. Enquanto o pastejo contínuo é simples e econômico, métodos como o rotacionado e o desponte garantem maior produtividade e sustentabilidade a longo prazo, mas demandam maior investimento e planejamento. O segredo está em alinhar o método ao contexto específico da propriedade para alcançar o equilíbrio entre produtividade e sustentabilidade.

Se você está pensando em implementar ou melhorar o manejo de pastagens na sua propriedade, estude cuidadosamente as características de cada sistema e conte com orientação técnica especializada para obter os melhores resultados.