METODOLOGIAS PARA LEVANTAMENTO DE DADOS PRODUTIVOS DAS PASTAGENS A CAMPO

Escrito por:
Maria Tereza Grasel Rodrigues 
Gerente de Projetos no AgroHUB

Em nossa última postagem, conversamos sobre os fatores determinantes para o crescimento das pastagens no Brasil Central. Chegamos ao ponto em que discutimos não haver limitação de fotoperíodo, radiação ou temperatura nas principais regiões produtivas do clima tropical brasileiro, sendo a maior limitação a disponibilidade de água. Ao final, mantivemos o gancho de que ter maior produtividade não significa maior rentabilidade, sendo a produção de forragem apenas o início do ciclo produtivo. Devemos ser eficientes em todas as etapas produtivas, mas tudo começa no pasto, aonde a produtividade por hectare é um dos pilares das fazendas mais lucrativas.

Apesar da esmagadora maioria da produção brasileira de bovinos acontecer no pasto, a situação das pastagens e a produtividade são ruins quando comparadas a outros países que produzem a pasto ou mesmo com resultados que a nossa pesquisa alcança. Nesta postagem discutiremos como você, na sua propriedade, pode entender melhor a produtividade do pasto e evoluir a partir do conhecimento adquirido.

As pastagens são culturas agrícolas e, assim como todas as outras culturas, por se tratarem de seres biológicos, sua produção é afetada por fatores intrínsecos e extrínsecos a elas. A relação solo-planta-clima-animal define o perfil de produção do pasto, não somente a espécie forrageira implantada. Portanto, qualidade física, química e biológica do solo, temperatura, luminosidade, pluviosidade, balanço-hídrico e perfil de pastejo são apenas algumas das variáveis que ditarão o ritmo de crescimento.

Com a evolução das tecnologias atuais, surgem alternativas de avaliação e levantamento de dados via drone, satélite e outros recursos da agricultura e pecuária de precisão. Entretanto, além da adoção de tecnologias avançadas, existem alternativas de levantamento de dados e medições locais que exigem menos recursos e trazem resultados muito importantes para a Gestão da Produção a Pasto e Manejo de Pastagens da sua fazenda. Vamos discutir algumas delas abaixo, colocando uma descrição básica, recursos necessários e ganhos:

Escore de Pasto:

O escore trata-se de uma nota, geralmente de 1 a 5, comumente relacionada à altura média do pasto e à sua massa em quilos por hectare. Antes de uma fazenda adotar esta metodologia, é necessário um treinamento com um técnico qualificado que possa explicar a atribuição de notas para as diferentes espécies forrageiras e que capacite o pessoal de campo da fazenda a atribuí-las. O acompanhamento do escore das pastagens ao longo do tempo e dos ciclos de pastejo permite identificar possíveis alterações no perfil de crescimento e auxilia na tomada de decisão para buscar perenizar as pastagens. Por facilitar a identificação de possíveis momentos de baixo crescimento e momentos mais sensíveis às pastagens, permite ao gestor tomar precauções para evitar sua penalização.

Contudo, este critério requer alguns cuidados, talvez até impossibilite sua aplicação como indicador de manejo, a “calibração do olho” quanto ao escore é algo difícil de ser padronizado entre os envolvidos. Devido a rotatividade da mão de obra nas fazendas ou presença de mais de um responsável por avaliar as pastagens, além da mudança de qualidade e estrutura da forrageira que se modifica entre a estação chuvosa e seca, o uso do escore possibilita alguns erros ou distorções no momento da classificação.

Vamos a uma situação prática: Um capim braquiarão com 30 cm, com bastante folhas receberá qual nota? E se ele estiver com 50 cm, mais alto com folhas e talos, qual a nota? Qual o melhor manejo do capim na minha avaliação para distribuir o escore? E na avaliação do nosso ajudante? Agora a pastagem está seca, como ficará a classificação? O critério é pela altura ou pela qualidade?

Histórico de Uso das Áreas:

Acompanhar a dinâmica de ocupação em cada área e módulos da sua fazenda traz dados relevantes para a sua Gestão da Produção a Pasto. Sozinhos, os dados revelam quais áreas suportam mais ou menos animais, quais módulos imprimiram mais ganho de peso nos lotes, quais são mais sensíveis e precisam de mais descanso. Com as mudanças dos lotes de animais entre as áreas pautadas nas observações experientes dos manejadores de pasto, observar os dados ao longo do tempo revela insights que podem ser percebidos e compartilhados entre todos os envolvidos no Manejo dos Animais.

Combinados com os outros processos colocados abaixo nesta listagem, o histórico de ocupação irá gerar as informações mais relevantes e decisivas para o seu Manejo de Pasto, como os valores de Taxa de Acúmulo e Oferta de Forragem, valiosos para entender o crescimento e aproveitamento da cultura forrageira dentro da sua propriedade. O planejamento das estratégias de compra, venda, nascimento, desmama e suplementação ficará pautado em dados concretos coletados dentro da sua fazenda, aumentando a probabilidade de sucesso.

Os dados a serem coletados, no Pastejo Rotacionado são, para cada uma das áreas de pastejo:

  • Na entrada dos animais na área: data, número de cabeças, peso médio na data;
  • Na saída: data, número de cabeças, peso médio na data.

Para os casos de Pastejo Contínuo, é preciso acompanhar o número de cabeças e peso médio ao longo do tempo de ocupação.

Medição de Altura:

Medir a altura do pasto é uma técnica simples, que demanda uma régua ou trena e também um treinamento básico de como realizar a medição, mas que traz informações muito relevantes para a gestão produtiva da pastagem.

Já é conhecido pela ciência e mesmo dos produtores que a altura do pasto tem uma correlação muito alta com seu ponto ideal de pastejo, uma vez que a altura indica o ponto em que as pastagens tem a melhor relação qualidade X quantidade para iniciar o pastejo e também indica o ponto em que os animais devem parar de pastejar, para garantir continuidade do crescimento.

Nesta postagem você poderá descobrir mais sobre a metodologia de medição.

Coletar e armazenar os dados da altura do pasto ao longo dos dias e dos ciclos de pastejo pode ser um grande aliado! Somente por si, as informações de altura auxiliam na uniformização do pastejo, na padronização das informações, ajudam a estabelecer metodologia e evidência para as movimentações dos lotes e facilitam a comunicação com o pessoal de campo. Quando combinadas com dados de e histórico de ocupação das áreas, geram valores de Massa de Forragem, Taxa de Acúmulo e Oferta de Forragem.

A recomendação para o momento de medição de alturas, no caso de Pastejo Rotacionado, é coletar nos momentos de entrada e saída dos animais das áreas. Para o Pastejo Contínuo, indica-se medição ao menos 1x por mês por área.

Você pode descobrir mais sobre Densidade e Massa de Forragens nessas publicações anteriores clicando nos links a seguir:

https://pastocomciencia.com.br/2019/07/10/medicao-direta-de-forragem/

https://pastocomciencia.com.br/2019/07/01/importancia-da-medicao-de-forragem/.

Medição Direta:

Trata-se de um protocolo de medição a pasto que chega ao valor de Densidade (KgMS/cm/ha) e Massa de Forragem (KgMS/ha) disponível da área mensurada. É uma técnica também simples de executar, mas que exige mais recursos, como micro-ondas, balança de precisão e molduras, e também exige treinamento do pessoal de campo. Apesar de demandar mais tempo do que a Medição de Alturas, esta técnica é complementar e tão importante quanto. Os valores de densidade cruzados com as alturas e histórico de uso das áreas que irão gerar os indicadores produtivos colocados acima.

Nesta postagem você poderá descobrir mais sobre a metodologia de medição direta de forragem .

Estes itens colocados acima são grandes aliados do gestor no planejamento dos ciclos produtivos, planejamento da Dinâmica de Rebanho ao longo do ano, decisões de momentos de compra e venda relacionados e na exploração do máximo potencial produtivo das pastagens nas propriedades, garantindo maior produtividade e, consequentemente, maiores ganhos.

Quem pode lhe ajudar com todas estas coletas, tornando-as fluídas e dando grande visibilidade ao dia-a-dia da sua fazenda é o nosso parceiro AgroHUB. Todo o manejo dos lotes de animais e as coletas acima citadas são gratuitas! Acesse e confira.

Fique de olho em nossas próximas postagens, continuaremos a desenvolver o assunto produtividade e lucratividade!

Até a próxima!

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