Com uma frequência cada vez maior, produtores rurais se perguntam: vale a pena implementar o pastejo rotacionado em minha propriedade? Pensando nisso, o time do AgroMaisAção, uma parceria entre Exagro e AgroHUB, preparou este material para explorar as vantagens e os desafios desse sistema de manejo de pastagens.
Lembre-se que toda nova tecnologia ou mudança na fazenda exige aprendizado da equipe. É comum encontrarmos casos de experiências passadas não tão bem-sucedidas, muitas vezes ligadas à falta de conhecimento técnico. Por isso, nada é definitivo, e as formas de explorar uma fazenda são diversas. No entanto, o pastejo rotacionado tem seu espaço e pode ser uma excelente opção para muitas propriedades.
Como Funciona o Pastejo Rotacionado?
Basicamente, o pastejo rotacionado divide a pastagem em um número de piquetes. Os animais permanecem em uma área por um período de tempo determinado, dependendo de fatores como o tamanho do piquete, o número de animais e a intensidade de crescimento da forragem. Após esse período de pastejo, o gado é movimentado para o piquete seguinte, e assim sucessivamente até retornar à primeira área, que nesse período teve tempo para se recuperar.
Em muitas fazendas, as áreas não possuem uniformidade de tamanho ou formato. Nesses casos, o primeiro passo é calcular o tamanho total de um conjunto de piquetes que formam um rotacionado, chamado de módulo, e utilizar uma regra de três para distribuir os animais inicialmente. Com o tempo, ajustes serão necessários devido a variações na qualidade do solo, topografia, umidade e, consequentemente, no crescimento da pastagem. Esse ajuste contínuo, baseado na observação e em medições, faz parte do aprendizado da equipe e é crucial para o sucesso do sistema.
Vantagens do Pastejo Rotacionado
O pastejo rotacionado oferece diversas vantagens para a produção pecuária:
- Melhor Aproveitamento do Pasto: Ao concentrar os animais em uma área específica, o sistema rotacionado permite o descanso para a planta. O gado entra quando o capim está no ponto ótimo de crescimento, pasteja de forma mais uniforme e é retirado para que a planta possa se recuperar adequadamente. Isso otimiza o uso das gemas apicais e de brotação, promovendo um crescimento e corte mais uniformes.
- Redução de Áreas de Super e Subpastejo: Em sistemas de pastejo contínuo, é comum que algumas áreas sejam mais pastejadas que outras, levando à degradação. No pastejo rotacionado, a movimentação controlada do gado evita esse problema, garantindo um consumo mais homogêneo da forragem em toda a área. Isso ocorre porque, no pastejo contínuo, o gado tende a consumir a rebrota mais nova, deixando o capim mais passado nas áreas de maior fertilidade sem ser aproveitado.
- Possibilita Maior Taxa de Lotação: Ao otimizar o uso da forragem e evitar o desperdício de material que passa do ponto ideal de pastejo, o pastejo rotacionado permite suportar um número maior de animais por área. A forragem é consumida de maneira mais uniforme, evitando o acúmulo de matéria seca não palatável.
- Potencial de Maior Produção por Área: Com o aumento da taxa de lotação e a manutenção ou aumento do desempenho individual dos animais, o resultado é um potencial de maior produção de arrobas por hectare no gado de corte e de leite por hectare na produção leiteira. As vantagens se somam, gerando resultados superiores quando o sistema é bem implementado e dominado pela equipe.
- Aumento da Produtividade das Pastagens: Muitas vezes, busca-se aumentar a produtividade trocando a forrageira. No entanto, aprender a manejar a pastagem existente através de técnicas como o pastejo rotacionado pode ser mais eficiente e econômico. O respeito à fisiologia da planta, com períodos adequados de descanso, permite que áreas antes superpastejadas se recuperem e se tornem mais produtivas.
- Redução dos Custos de Recuperação de Áreas Degradadas (Prevenção): O pastejo rotacionado contribui para evitar a degradação do solo e das pastagens, reduzindo a necessidade de intervenções caras para recuperação.
Pastejo Rotacionado: Para Fazendas de Todos os Tamanhos
Ao contrário do que alguns podem pensar, o pastejo rotacionado não é exclusivo para grandes propriedades. Áreas menores, inclusive, podem se beneficiar ainda mais da técnica, pois ela melhora a eficiência do uso dos recursos, tornando a fazenda mais competitiva. Em propriedades menores, o monitoramento e os ajustes podem ser feitos de forma mais próxima, otimizando ainda mais os resultados.
O Que é Preciso Saber Para Implantar o Pastejo Rotacionado?
A implementação bem-sucedida do pastejo rotacionado requer alguns conhecimentos e práticas:
- Aumentar o Conhecimento Sobre as Pastagens e o Funcionamento do Sistema: É fundamental que a equipe da fazenda aprenda sobre o comportamento da forragem em diferentes condições climáticas e como o sistema rotacionado funciona na prática. Esse aprendizado contínuo é essencial para realizar os ajustes necessários ao longo do tempo.
- Planejamento e Registro de Dados: Planejar o sistema e registrar dados como datas de entrada e saída dos animais, número de cabeças, peso dos animais, consumo de suplemento e altura do capim são cruciais para avaliar o desempenho e realizar ajustes futuros. A falta de dados históricos dificulta o planejamento eficaz.
- Conhecer a Produção de Forragem e a Taxa de Lotação: É importante estimar a quantidade de forragem produzida pelas áreas e definir a taxa de lotação adequada para o sistema.
- Entender o Comportamento das Gramíneas nas Quatro Estações do Ano: Diferentes tipos de capim (como os da família do Colonião, Braquiárias ou Tifton) apresentam comportamentos distintos ao longo do ano. Conhecer essas características é fundamental para o manejo adequado.
- Considerar a Reposição de Nutrientes: À medida que a exploração da área se intensifica, a reposição de nutrientes através da adubação se torna necessária para manter a produtividade.
- Escolha da Forrageira Adequada: A escolha do capim ideal depende do contexto da fazenda, incluindo as condições de solo, clima e o bioma em que está inserida. Muitas vezes, o melhor capim é aquele que já está implantado, desde que seja bem manejado. Um exemplo interessante é o Andropogon, que pode ser considerado de difícil manejo em pastejo contínuo devido ao seu rápido crescimento inicial, mas que se adapta muito bem ao pastejo rotacionado, melhorando a percepção dos produtores sobre seu potencial.
Planejamento e Investimentos
Para intensificar a produção com o pastejo rotacionado, é importante avaliar a necessidade de investimentos em infraestrutura, como cercas (principalmente elétricas, devido à maior subdivisão das áreas), bebedouros e instalações para suplementação. Um monitoramento constante e o registro detalhado das informações são essenciais para otimizar o sistema ao longo do tempo. Ferramentas como o PCSat podem auxiliar nesse processo, fornecendo dados sobre a massa de forragem e o crescimento do pasto através de imagens de satélite, além de permitir o acompanhamento do desempenho animal.
É fundamental ter uma metodologia eficiente de acompanhamento para responder a perguntas básicas, como a taxa de lotação atual da fazenda em quilos de peso vivo por hectare ou em Unidade Animal (UA) por hectare. Sem um sistema de registro consistente, essa informação pode ser difícil de obter.
O pastejo rotacionado se apresenta como uma estratégia eficiente para otimizar o uso das pastagens, aumentar a produtividade e melhorar a rentabilidade da sua fazenda. No entanto, a implementação bem-sucedida requer conhecimento, planejamento e acompanhamento constante. Se você se interessou pelo tema e deseja aprofundar seus conhecimentos sobre o pastejo rotacionado, deixe seu comentário!
Deixe um comentário