Pedro Amorim Galdino Schettino de Castilho
Graduando em Medicina Veterinária – UFMG
Estagiário Exagro
Hoje vamos falar um pouco do relatório enviado às fazendas que realizam e monitoram as medições de forragem: o relatório Compare Sua Fazenda, enviado trimestralmente aos parceiros do projeto PastoComCiência.
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O primeiro tópico abordado pelo relatório é a altura de entrada e saída das pastagens durante a movimentação dos animais pela fazenda. Sobre o assunto, temos primeiro a tabela com a média geral de todas as fazendas participantes do projeto Pasto Com Ciência , contendo as alturas de entrada e saída de acordo com a forrageira presente em cada área monitorada.
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Em seguida, o relatório apresenta o gráfico com os dados de altura de entrada e saída em sua fazenda ao longo do ano para cada tipo de forrageira monitorada, comparando-os ao compilado geral mensal.
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Qual a importância da medição de altura?
A altura do capim é muito importante para ajudar no correto manejo das pastagens. A qualidade da pastagem está diretamente relacionada à sua estrutura, que afeta seu valor nutricional e a capacidade de consumo pelos animais. Vamos ver abaixo o porquê!
Você já percebeu que quanto mais folha o capim tem, mais rápido ele rebrota e mais massa ele produz? O crescimento e desenvolvimento da planta depende da quantidade de folha exposta à luz do sol. Dessa forma, quanto maior a quantidade de folhas expostas à luz solar, maior o crescimento e maior a produção de massa pela forrageira. O objetivo de um bom manejo de pastagens é permitir acúmulo de folhas verdes, até o ponto em que exista boa produção de massa, que será consumida pelos animais.
O problema é que, quando o capim cresce demais, as folhas produzem sombra nas plantas vizinhas, e se tornam concorrentes pela luz solar. A partir deste ponto, as folhas do extrato inferior da planta não conseguem mais absorver a luz e morrem, dando origem ao material senescente, que tem pior valor nutricional e não será consumido pelos animais.
Além disso, com a morte das plantas inferiores, a forrageira busca alternativa para sobreviver, e passa a produzir mais talos, tentando elevar suas folhas e fazer com que elas estejam em contato com a luz do sol. Aparece, deste modo, outro problema para o consumo dos animais. Assim como o gado não consome o material senescente, eles não consomem uma alta quantidade de talos, que também tem baixo valor nutricional.
Percebeu como deixar o capim crescer demais acaba não sendo bom para os animais e por isso, se torna um desperdício? Os pastos “passados”, aqueles que passam da altura ideal de manejo, apresentam quantidades cada vez maiores de material senescente e talo, que tem baixo valor nutritivo e baixo consumo. Investimos tempo e dinheiro, produzimos o capim, mas deixamos que ele perca nutrientes e piore sua estrutura, dificultando a ingestão dos bovinos.
O acamamento também é outro aspecto importante de desperdício ocorrido em capins “passados”, acontecendo quando os animais passam pela pastagem e o capim tomba, ficando próximo ao chão.
Veja um exemplo na imagem abaixo.
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No quadro C, à esquerda, temos um capim na altura ideal de manejo, enquanto no quadro D temos um capim passado. Algumas diferenças são notáveis: o primeiro tem muitas folhas verdes e o segundo tem uma grande quantidade de material senescente, que não será aproveitado pelos animais.
Por todo o que foi colocado acima, existe uma altura de manejo recomendada para pastejo, que varia de acordo com a espécie de capim que estamos trabalhando. Na altura de entrada ideal, a planta apresenta a maior quantidade de folha verde, ou seja, a maior quantidade de alimento de excelente valor nutricional e ótimo consumo.
A altura de saída dos animais é outro ponto muito importante para ficarmos atentos no manejo das pastagens. Quando deixamos os animais por muito tempo nos pastos e “rebaixamos” muito o capim, prejudicamos a sua rebrota. Lembra que quanto mais folha o capim tem, mais rápido ele rebrota?
O ideal é que os animais sejam retirados do piquete e que nele ainda reste uma boa quantidade de folhas nas plantas, para que a rebrota seja rápida e os animais possam voltar a pastejar nessa área no menor tempo possível. Se o pasto ficar muito baixo, “rapado”, além de demorar muito mais tempo para rebrotar, os animais terão pouca quantidade de capim para consumir e capim de baixa qualidade nutricional também, sem contar os problemas com erosão e invasoras, que acontecem em situações de pastos degradados.
Na tabela abaixo, temos as alturas de manejo recomendadas para as principais espécies forrageiras de interesse produtivo no Brasil.
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As recomendações de altura de entrada e saída são apenas recomendações de manejo de forma geral, então é importante analisar e pensar quais seriam as melhores alturas levando em consideração a realidade e os objetivos de cada fazenda ou, até mesmo, de cada retiro de uma mesma fazenda.
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