Marcus Prado
Consultor Exagro
Olá, vamos falar um pouco sobre algumas etapas de uma operação muito importante e presente dentro das fazendas: a reforma de pastagem. Esta ação merece muita atenção e cuidado durante sua execução.
A reforma da pastagem é uma operação que busca trocar ou reimplantar a pastagem de alguma área. Esta estratégia pode ser aplicada quando a área está com nível alto de degradação, com estande forrageiro baixo (presente em menos de 50% da área), com alta presença de invasoras ou quando se deseja trocar a espécie forrageira por outra.
Abaixo listamos as etapas para uma boa reforma da pastagem:
- Identificação e dimensionamento da área a ser reformada:
Etapa importante para o planejamento das atividades necessárias. É preciso conhecer a localização física e o tamanho da área a ser reformada, informações que serão utilizadas em alguns cálculos, como o de quantidade a ser comprada de adubos, corretivos e sementes e o de planejamento do tempo de serviço na área.
- Análise de solo:
Etapa necessária para as próximas etapas de correção e adubação do solo. Conhecer a fertilidade atual influenciará na quantidade e qualidade de corretivos e adubos a serem utilizados na área.
- Calagem:
Após a análise do solo, o uso do calcário, quando necessário, é fator importante de sucesso na reforma da pastagem. Utilizar o tipo correto de calcário e na quantidade ideal para elevar a saturação de bases do solo reduz a acidez da área e aumenta a disponibilidade de nutrientes. É importante mencionar que, após a distribuição do calcário, é necessária a sua incorporação ao solo.
- Gessagem:
O uso do gesso agrícola deve ser avaliado levando em consideração a acidez do solo. O gesso é importante para disponibilizar cálcio e enxofre e para carrear o calcário utilizado para as partes mais profundas, auxiliando na neutralização e permitindo o aprofundamento das raízes das plantas.
- Aração:
Etapa que consiste em revirar o solo em camadas mais profundas, o que pode ser importante no controle de invasoras, pois proporciona o corte de raízes, e aprofunda a matéria orgânica mais superficial.
- Gradagem:
Etapa destinada a quebrar os blocos de terra gerados pela aração e a descompactar o solo. Pode ser necessária mais de uma operação com a grade para padronizar a área. Por fim, é recomendado o uso de grade niveladora para nivelar o terreno que receberá a semente.
- Adubação de plantio:
A quantidade de adubo a ser utilizada no plantio da forrageira depende da análise e fertilidade do solo. A adubação geralmente é realizada com o uso de fósforo, potássio e nitrogênio, sendo os dois primeiros utilizados no plantio e o último, após a germinação da semente.
Abaixo segue a recomendação de adubação fosfatada e potássica para o estabelecimento de pastagens no plantio, variando conforme a fertilidade do solo.
É possível também não usar adubação no plantio. Essa decisão deve ser pesada considerando o aumento dos custos com insumos e operações. Porém, caso a fertilidade natural do solo seja baixa, o desenvolvimento e perenidade da forrageira ficarão comprometidos.
- Escolha da semente:
As sementes que serão utilizadas devem ser adquiridas de empresas com bom histórico e deve-se avaliar antes da compra o grau de germinação, o grau de pureza e o valor cultural (VC). Vamos debater estes 3 pontos a seguir:
A germinação é a capacidade da semente, quando colocada no solo, de virar uma plântula em ambiente adequado. A lei nº 10.711 determina que o valor mínimo de germinação para sementes do gênero Brachiaria, o mais difundido, é de 60%.
A pureza está relacionada à proporção de sementes puras da cultivar desejada em relação à presença de impurezas físicas, como pedras, folhas e outros materiais inertes, e impurezas varietais, que são sementes de outras espécies e cultivares. A lei citada acima considera para esse quesito valores mínimos que variam de 40% a 60%.
O valor cultural (VC%) é a relação entre o grau de germinação e o grau de pureza, cujo resultado é expresso em porcentagem.
Conhecido o valor cultural da semente, para saber quantos quilos de sementes serão consumidos por hectare, será preciso definir o método e a taxa mínima de semeadura, obtida através da fórmula:
O valor cultural (VC%) é a relação entre o grau de germinação e o grau de pureza, cujo resultado é expresso em porcentagem.
Conhecido o valor cultural da semente, para saber quantos quilos de sementes serão consumidos por hectare, será preciso definir o método e a taxa mínima de semeadura, obtida através da fórmula:
Os Pontos de Valor Cultural (PVC) seguem conforme a tabela abaixo:
Segue um exemplo: se o plantio for de Capim Marandú, no sulco, e a semente de escolha tiver 50% de VC, devem ser utilizados 6,4 kg de semente por hectare plantado. Caso seja a lanço, 10,4 kg de semente por hectare plantado.
- Distribuição, profundidade e compactação da semente:
As sementes podem ser distribuídas a lanço ou plantadas no sulco por meio de plantadeira a depender da espécie utilizada. A profundidade do plantio pode variar entre 0 e 8 centímetros, sendo que estudos comprovam que os melhores índices de germinação ocorrem entre 2 e 4 cm. Sementes de Braquiárias podem ser plantadas mais profundamente do que sementes de Panicum, pois possuem mais reservas.
A profundidade de plantio deve ser pensada levando em conta o ressecamento do solo. Quanto mais superficial o plantio, mais vulnerável a semente estará, pois, em momentos de déficit hídrico, o ressecamento segue de cima para baixo, podendo inviabilizar o desenvolvimento da plântula pela falta de umidade no solo.
A compactação da semente será necessária quando realizado plantio a lanço, buscando incorporar a semente e aumentar o contato dela com o solo. Pode ser feita com rolo compactador, grade niveladora fechada ou arrastando madeira ou pneus velhos por sobre a terra.
- Controle de invasoras:
O controle de invasoras com defensivos é uma estratégia que ajuda a reduzir a competição entre a forrageira desejada e as invasoras por luminosidade e nutrientes no solo. Existem duas opções de defensivos a serem utilizadas no plantio. São eles: os pré-emergentes, usados para controlar e inviabilizar a germinação de plantas daninhas antes da emergência das mesmas sobre o solo; e os pós-emergentes, que são seletivos no controle da invasora e usados após a germinação da plântula. A escolha do defensivo e estratégia podem variar conforme o desafio e o tipo de invasora a ser controlada na área.
No próximo post, o blog irá apresentar para vocês uma plataforma que auxilia na gestão de todas estas etapas apresentadas acima. Aguardamos vocês!
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