Relato de Caso – Estágio em campo com foco em pastagens

Escrito por Nelson Junior
Estagiário Exagro

Para iniciarmos nossa conversa sobre estágio a campo com foco em pastagens, vou primeiro me apresentar: me chamo Nelson Junior, tenho 20 anos e sou estudante do 6° período de zootecnia pela Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA (campus Paragominas-PA). Nesse mesmo contexto, sou Paraense e me tornei um estagiário Exagro em 2022, tendo a grande oportunidade de conhecer e acompanhar algumas fazendas da região. Estagiar a campo permite a correta conciliação da teoria com a prática. A teoria é essencial para a compreensão da situação e do cenário em que estamos inseridos, porém, o entendimento acontecerá mediante a prática, onde o estagiário terá a confirmação do aprendizado.

O meu contato direto com o campo gerou em mim um senso crítico acerca das situações encontradas, como entender se o manejo aplicado naquela propriedade está prosseguindo de acordo com as exigências fisiológicas tanto da planta, quanto do animal; saber se o suplemento mineral oferecido ao animal está de acordo com a sua categoria e requerimento; aprender a identificar invasoras e perguntar-se qual a melhor estratégia para combatê-las, etc. Nesse sentido, no campo, dúvidas e respostas surgem e são sanadas com maior frequência.

Acompanhando algumas visitas a propriedades diferentes, pude perceber um enfoque e uma atenção especial às pastagens. Busquei conseguir distinguir e entender que cada espécie forrageira possui características diferentes de crescimento, exigência de saturação de base, tipo de solo a ser implantada e clima. Dessa forma, devem ser elaboradas estratégias de manejo, correção de solo e combate a invasoras, decisões estas que farão com que a pastagem alcance sua perenidade.

O manejo do pastejo ainda é uma pedra na bota de alguns produtores. Aprendi e levei em consideração, no acompanhamento das visitas, o fato de que a disponibilidade de forragem deve estar de acordo com a quantidade de animais na propriedade, alcançando assim, a amplitude ótima. Amplitude essa em que a forragem não será comprometida por perdas do subpastejo e ausência de animais e nem pelo excesso da pressão de pastejo do superpastejo ocasionado pelo alto número de animais na área. Buscar a taxa ótima irá otimizar tanto o ganho por animal quanto o ganho por área. Desse modo, são necessários os ajustes para o manejo ser realizado de forma correta.

Nas fazendas, minha atividade se baseia principalmente no manejo de pastagem. Considerando que o capim é a base da pecuária de corte no Brasil, aumentar o conhecimento e ter oportunidade de conviver mais com o crescimento forrageiro se torna fundamental no meu desenvolvimento. Faço o giro com os vaqueiros, efetuando verificações básicas no manejo do pastejo, como o monitoramento correto da altura de pré e pós pastejo de cada espécie forrageira, se baseando no princípio de que a qualidade do capim está completamente relacionada à sua estrutura. Em seguida, realizamos a verificação da quantidade dos animais e da área que estão inseridos para fazermos o levantamento do cálculo da taxa de lotação de cada área.

Medição de altura realizada com auxílio de bastão medidor.

Nas fazendas visitadas minha principal responsabilidade é a medição direta de forragem para estimativa da massa de forragem e da densidade do capim. Por meio dos dados obtidos, conseguimos calcular a capacidade de suporte, fazendo assim, comparação com a taxa de lotação, realizando ajustes nos lotes e no manejo, se necessário. A medição direta das forragens nos permite tomada de decisões mais assertivas referentes ao manejo da pastagem.

Imagens mostrando a moldura de corte posicionada sobre a área nos momentos pré e pós realização do corte.

Relatando um caso encontrado na fazenda Joaíma, obtive o levantamento das médias de densidade das áreas de Mombaça por meio do corte (medição direta). Nessa análise, a densidade média encontrada foi de 66 KgMS/cm/ha. Encontramos uma taxa de suporte média de 1.500kg/ha, levando em consideração uma Oferta de Forragem de 12% indicada pelo consultor como ideal aos animais ali inseridos neste período.

Dentre meus conhecimentos obtidos em noções de pastagem, outro fator importante a ser descrito é o planejamento alimentar. Ter conhecimento da oferta de forragem e a sua utilização de acordo com as estações (seca e águas), a produtividade forrageira de acordo com o cenário da região consultada, dados pluviométricos de cada época do ano e as estratégias nutricionais, passam a ser fundamentais para ajudar o produtor a ajustar seu rebanho nas diferentes estações e buscar o melhor aproveitamento e resultado para o seu negócio.

Dentro de tudo isso descrito, é importante ressaltar que o treinamento dos colaboradores sobre noções básicas do manejo de pastagem se faz necessário, o futuro da pecuária depende de pessoas capacitadas, especializadas e engajadas em um único propósito de aumentar a produtividade de forma sustentável.

Obrigado e até a próxima postagem!

 

 

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