Diogo Olímpio, Elder Oliveira e Jacqueline Oliveira
Consultores Exagro
O semiconfinamento consiste em um sistema de engorda de animais a pasto com fornecimento de suplemento no cocho em níveis de 0,7% a 2% do peso vivo (PV), variando de acordo com o objetivo de ganho de peso, peso inicial dos animais, época do ano, disponibilidade e qualidade de forragem, capacidade operacional da fazenda, entre outros fatores.
É comum a utilização deste sistema para engorda dos animais durante o período de transição das águas para seca, o início da seca, comum de abril a julho no Centro-Oeste brasileiro, quando ocorre a queda da qualidade das forragens e os animais de engorda ainda não atingiram o peso de abate desejado. Assim, o objetivo com a suplementação é manter o bom desempenho do período das águas até o abate.
Durante este período de outono e inverno, temos redução da taxa de acúmulo de forragem, em função da menor pluviometria e redução das temperaturas. Como consequência, aliado ao pastejo dos animais, temos a redução da massa de forragem, principalmente de folhas verdes.
A seguir temos um exemplo da redução da massa de forragem e da quantidade de folhas, em relação a colmo e material senescente, à medida que avançamos no período seco do ano:
Como a função do suplemento neste sistema é complementar a dieta vinda do consumo das forragens, estratégias de manejo são essenciais para melhorar a estrutura e qualidade dos pastos que serão destinados para os lotes engordados no sistema de semiconfinamento.
Assim podemos listar algumas etapas importantes neste processo de definição dos pastos que serão utilizados:
- Definir a quantidade de animais e quais lotes ou faixas de peso provavelmente serão suplementados no semiconfinamento, de acordo com o planejamento de abate e planejamento alimentar realizado para o ano;
- Avaliar quantos pastos serão necessários para suportar os lotes que serão formados, dentro da estimativa da quantidade total de animais, de acordo com a área de cada pasto, tamanho do lote e oferta de forragem desejados;
- Avaliar no mapa da fazenda quais áreas podem ser utilizadas para trato, que a soma de hectare e massa sejam suficientes para suportar os lotes, além de outros critérios como acesso e logística.
Uma vez identificadas as possíveis áreas, seguiremos para algumas sugestões de manejo:
- Selecionar, de preferência, pastos com gramíneas de porte mais baixo que mantém boa relação de folhas/colmos e que tem melhor potencial de acumular forragem no outono (como exemplo, temos o braquiarão);
- Ajustar a altura de corte do capim (resíduo) nos meses que antecedem o semiconfinamento para possibilitar a rebrotação de folhas de melhor valor nutritivo até o início do semiconfinamento (março/abril);
- Ao longo do período do semiconfinamento, considerar realização de ajustes no manejo das pastagens de acordo com a disponibilidade de forragem (MVS ou quantidade de folhas). Dessa forma, é recomendado que alguns pastos fiquem disponíveis para alternar os lotes, caso seja necessário.
No geral, é esperado que tenhamos pastos de melhor proporção de folhas em relação aos demais pastos da fazenda para uso no semiconfinamento.
A seguir, apresentaremos o estudo de caso da fazenda Barriguda, localizada em São Domingos-GO, onde 610 bois permaneceram em semiconfinamento. Abaixo estão apresentados os dados dos animais neste manejo e das áreas utilizadas na estratégia:
Caracterização do peso dos bois e lotação ocorrida:
Com o manejo de pastagens prévio ao período do semiconfinamento descrito acima, os pastos selecionados que receberam os lotes para engorda apresentaram maior quantidade de material verde, folhas e massa de forragem durante todo o período do semiconfinamento, quando comparado aos demais pastos da fazenda:
No gráfico observamos a redução da massa de forragem total dos pastos de abril a julho, sendo que os pastos selecionados para semiconfinamento apresentaram maior massa durante todo o período.
Da mesma forma para o material verde seco (MVS), os pastos do semiconfinamento apresentaram maior quantidade de material verde, igualando aos demais pastos apenas em julho.
Os pastos do semiconfinamento também tiveram maior massa de folhas quando comparados aos demais, fator importante, já que folha é o componente de melhor valor nutritivo.
Como observamos nos gráficos de folhas e MVS, existe redução da disponibilidade destes ao longo dos meses, o que pode indicar a necessidade de ajustes na quantidade de concentrado sendo fornecido e/ou na energia e proteína da dieta.
A seguir temos o comparativo da taxa de lotação e das ofertas de Matéria Verde Seca, Folha e Massa total para os lotes que estavam em semiconfinamento e para o rebanho geral da fazenda durante o período de abril a julho:
Mesmo com lotação maior nos pastos de semiconfinamento, a oferta de forragem para os diferentes componentes foi maior, quando comparada à média da fazenda.
Neste cálculo de lotação e oferta de forragem, não consideramos o efeito substitutivo que o suplemento exerce sobre o consumo de capim. Assim, a oferta de forragem real em função do consumo dos animais é até maior nos pastos de semiconfinamento.
Com o manejo adequado das pastagens, os bois tiveram um bom desempenho durante o período. Abaixo temos os dados médios dos lotes:
Note que, mesmo em um período de redução da disponibilidade de forragem na fazenda, foi possível obter bons desempenho e rendimento. Cada fazenda deve avaliar o seu cenário, de acordo com a disponibilidade de insumos para nutrição animal na região, mas manter o bom manejo do pastejo durante o semiconfinamento é essencial para potencializar o ganho e o resultado.
E a sua fazenda? Gerencia a Oferta de forragem para garantir o ótimo aproveitamento das suas pastagens? Continue conosco para entender como mensurar a Oferta e porque ela é tão importante no seu resultado. Até o próximo post!
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